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Durante a palestra, os arqueólogos Marco Liberato e Helena Santos falaram sobre as continuidades e descontinuidades culturais na Estremadura Medieval. Após a expansão islâmica dos séculos VII e VIII, formaram-se vários universos culturais, nomeadamente, na Península Ibérica. Os materiais arqueológicos indicam que os centros urbanos aceitaram mais facilmente as inovações, enquanto as áreas rurais mantiveram tendencialmente as suas tradições.
Concluída a expansão cristã – prosseguiram os arqueólogos – verificam-se intercâmbios culturais no decurso dos séculos XII a XIV. As formas, os tipos e as decorações das cerâmicas caracteristicamente islâmicas coexistem com as cristãs trazidas pelas populações do Norte de Portugal. Importam-se, inclusive, faianças valencianas decoradas com símbolos islâmicos.
Em relação à alimentação, e apesar do islamismo ditar a proibição do consumo de porco e de álcool, os restos faunísticos e as cerâmicas sugerem um sincretismo entre os costumes locais e os costumes setentrionais. No caso de Óbidos, os hábitos alimentares islâmicos deveriam ser amplamente minoritários ou mesmo inexistentes. Relativamente à moeda, destacam-se os espécimes cunhados em metal nobre como manifestação de domínio cristão e de adaptação ao universo multicultural (por exemplo, o morabitino ou maravedi de D. Sancho I).
A próxima palestra está agendada para o dia 2 de agosto, pelas 16 horas, na capela de São Martinho, em Óbidos. Sónia Codinha, investigadora do Centro de Ciências Forenses, falará sobre “Rituais funerários na Óbidos Medieval”.
Fonte: Paulo Araujo | Comércio & Indústria