Foto: SINC |
Em 1995 foi divulgado na revista Nature uma descoberta que abalava a antiga teoria da evolução Humana. Em Atapuerca fora encontrado uma das primeiras espécies de hominídeos conhecidos na Europa, então designada de "Homo Antecessor", cuja datação foi referida como anterior a 780.000 anos.
A descoberta foi intensamente contestada pela comunidade científica e em 2012 um jornal britânico chega mesmo a acusar Juan Luis Arsuaga, um dos responsáveis pela descoberta e escavação dos depósitos, de "distorcer a teoria da evolução humana". Desde essa altura os investigadores têm recorrido a todos os métodos atualmente disponíveis pela ciência para afinar essas datações.
"Estamos a aplicar novos métodos e novas técnicas, tendo agora um melhor conhecimento do campo e de laboratório. Nós publicamos um estudo que é um pequeno passo para um grande projeto que vai ter um cronograma de execução mais prolongado no tempo, com o objetivo de rever e refinar todas as datas", declara Josep M. Pares do Centro Nacional de Pesquisa da Evolução Humana, que conduziu o estudo sobre o nivel TD6 de Gran Dolina. O objetivo é encontrar um marco cronológico mais sólido.
Esta combinação de métodos permitiu recuar as antigas datações dos “níveis TD6 de Gran Dolina” de um valor numérico de 780.000 anos para os atuais 900.000 anos.
"Este sitio tem revelado a milhares de fósseis e artefactos, e transformou-se num marco do estudo do Pleistoceno e das primeiras ocupações humanas fora do continente Africano", lê-se no artigo. "O que vamos tentar agora fazer é usar os fósseis individuais, incluindo os dentes, e obter datas diretas dos restos encontrados, além dos já conhecidos a partir de sedimentos", refere Josep M. Pares.
Referência: J.M. Parés, L. Arnold, M. Duval, M. Demuro, A. Pérez-González, J.M. Bermúdez de Castro, E. Carbonell, J.L. Arsuaga. “Reassessing the age of Atapuerca-TD6 (Spain): new paleomagnetic results” Journal of ArchaeologicalScience 40: 4586 - 4595, 2013.