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De acordo com este artigo, os modelos explicativos de como a distribuições de animais e plantas são afetados pelas mudanças climáticas também podem explicar aspectos da evolução humana.
A abordagem apoia-se no conhecimento já existente sobre a distribuição geográfica de outras espécies animais e vegetais, tendo como base os períodos de aquecimento e glaciação ocorridos durante as chamadas idades do gelo, fornecendo assim um modelo que pode ser aplicado às origens humanas.
"Ninguém anteriormente aplicou esse conhecimento para os humanos ," disse o Dr. John Stewart, autor principal do artigo e investigador na Universidade de Bournemouth.
"Nós tentamos explicar muito do que sabemos sobre os seres humanos, incluindo a evolução e extinção dos neandertais e os ‘Denisovans’ (um grupo recém-descoberto da Sibéria), bem como a forma como eles se cruzaram com as primeiras populações modernas que tinham acabado de sair da África. Todos esses fenómenos têm sido postos em contextos que tentam perceber a forma como os animais e as plantas reagem à mudança climática. Estamos a problematizar a questão da evolução humana a partir da perspectiva do que já se sabe sobre as outras espécies."O clima tem sido encarado como a força motriz da maioria desses processos evolutivos. Ele determina todas as espécies, e sobretudo onde e em que momento elas se contraem ou propagam.
Segundo John Stewart, este modelo explica porque é que o Homo sapiens, enquanto espécie, sobreviveu até aos dias de hoje, e os homens mais arcaicos, como os Neandertais, não conseguiram essa sobrevivência.
A investigação também tenta explicar porque é que foi que os Neandertais evoluíram em primeiro lugar.
"Um dos modelos por nós formulados é que a adoção de um novo refúgio (uma área de refúgio contra as duras condições climáticas da ‘Era do Gelo’, por exemplo) por um subgrupo de uma espécie, pode levar a importantes mudanças evolutivas, dando origem a uma nova espécie. Na verdade, esta perspetiva poderá ser aplicada a todas as espécies continentais, quer animais ou plantas ", disse o Dr. Stewart.
O Co-autor deste estudo, o professor Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, acrescentou ainda que "estas ideias ou modelos podem muito bem explicar como as novas espécies humanas evoluíram na Eurásia. O conceito do refúgio também pode explicar o facto de os hipotéticos cruzamentos entre humanos modernos e neandertais terem ocorrido no sul da Eurásia e não mais ao norte. "
Este texto foi escrito com base na nota de imprensa distribuída pela Universidade de Bournemouth.
Ver artigo na revista Science