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Mosteiro de santa Clara-a-velha. Foto Wikipédia
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A cadeia passará ter a sua marca no já muito premiado Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. "Se me confudissem, a mim, como um recluso, não me importaria. Porque os reclusos serão integrados no grupo dos funcionários do mosteiro", assume ao DN o atual coordenador do Mosteiro, Artur Corte-Real.
Atividades como jardinagem, arqueologia, conservação e restauro e produção de peças para expôr ao público serão algumas valências previstas no protocolo, assinado hoje, entre a Direção Regional de Cultura do Centro/Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e a Direção Geral dos Serviços Prisionais/EStabelecimento Prisional de Coimbra. Mas a parceria vai mais longe.
Dentro em breve, na loja do mosteiro, serão vendidas peças criadas na oficina de encadernação da cadeia com o monograma do mosteiro. Também graças a este protoclo, será realizada uma feira, duas vezes por ano, no espaço da horta monástica, com os artigos "de fabrico livre" da autoria dos reclusos.
Por proposta da diretora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro (que confessou hoje ter estado 'presa' na cadeia durante uma manhã para melhor perceber o ambiente de cárcere), serão cedidos livros do mosteiro para a biblioteca daquela cadeia. Com a recente reativação da oficina de pintura, os reclusos da cadeia de Coimbra estão já a produzir azulejos pintados com motivos alusivos ao ambiente histórico daquele sítio arqueológico.
Classificado com um "enfoque inédito em Portugal" pelo atual diretor geral dos Serviços Prisionais, Rui Sá Gomes, o protocolo permitirá ainda desenvolver, entre outras ações, "visitas ao sítio e ocupações de caráter cultural /música, teatro, poesia), deslocações ao estabelecimento prisional de técnicos do mosteiro", disse ainda Artur Corte-Real. O coordenador destaca ainda a promoção "em articulação com a FilaK Cineclube de Coimbra a realização de sessões de cinema com a comunidade reclusa, potenciando sessões de debate".
Sublinha: "Propomos, desta forma, o alargamento de horizontes para algo que transcende os muros de quem está preso. Tudo em nome da ressocialização e da integração". Este protocolo insere-se no projeto "Património para todos.
Todos têm direito a ter direitos" que, naquele mosteiro, já contempa ações específicas para pessoas com baixa mobilidade, com cegueira e problemas de saúde mental.
Fonte: Diário de Notícias