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Foto: EFE |
Essas estimativas são baseadas unicamente na análise dos grandes ossos completos, como os do braço e da perna ", explicou José Miguel Carretero Díaz, investigador do Laboratório de Evolução Humana da Universidade de Burgos e principal autor do estudo que foi publicado no “Journal of Human Evolution”.
Uma vez que os ossos estavam completos, os investigadores foram ainda capazes de determinar se eles pertenciam ao sexo masculino ou ao feminino e assim calcular a altura de homens e mulheres. Os resultados sugerem que os homens e as mulheres que integravam a população da “Gruta dos Ossos” eram, em média, ligeiramente mais altos do que os homens e mulheres da espécie Neandertal, levando à conclusão que a altura destas duas espécies é semelhante à das populações modernas de latitudes médias, como no caso da Europa Central e do Mediterrâneo.
Segundo os autores deste estudo, os seres humanos que chegaram à Europa durante o Paleolítico Superior, substituíram as populações de neandertais. Eles eram significativamente mais altos do que outras espécies de humanos e a sua altura média para ambos os sexos subiu significativamente em termos individuais. Segundo estes investigadores a altura do gênero Homo permaneceu mais ou menos estável durante 2 milhões de anos, até ao aparecimento do Homo sapiens, há cerca de 200.000 anos, que eram significativamente mais altos do que quaisquer outras espécies que existiam na época.
Contudo, os resultados deste trabalho estão a ser contestados. Um artigo publicado no Jornal “The Guardian” acusa os investigadores espanhóis de "distorcerem a teoria da evolução humana”, apoiando-se o artigo publicado neste diário por Robin McKie, na discordância recentemente revelada na revista Evolutionary Anthropology pelo principal especialista britânico em evolução Humana, Chris Stringer , relativamente aos resultados agora apresentados pelos investigadores do país vizinho no “Journal of Human Evolution ”.
Segundo Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, que é citado no referido artigo do jornal inglês “ The Guardian", “as descobertas de Atapuerca são demasiadamente importantes, não há nenhum outro lugar no mundo com o mesmo número de ossos e crânios de nossos predecessores. É a maior coleção do mundo de antigos fósseis humanos e a equipa fez um grande trabalho na escavação do sitio. No entanto, se não podemos definir corretamente a idade e a identidade dos restos mortais, então podemos considerar que se está perante um sério problema. E a criação de um erro de interpretação cronológica destes ossos acaba por afetar até mesmo a maneira como construímos e concebemos o nosso processo de evolução".
Segundo o especialista inglês, a datação dos fósseis da “Gruta dos Ossos” está errada em cerca de 200.000 anos, e tem incorretamente identificadas as espécies de seres humanos antigos encontrados lá. Longe de ser um local com vestígios de uma espécie chamada Homo heidelbergensis , datada de há de 600.000 anos, Chris Stringer acredita que o local está é cheio de restos de neandertais que não têm mais do que 400.000 anos.
Esta diferença de interpretação tem implicações cruciais para a compreensão da evolução humana, sublinha Stringer. "O problema é que muitos dos esqueletos descobertos na 'Gruta dos Ossos' são claramente característicos da espécie Neandertal, e em partícular os dentes e as mandíbulas. Ora, todos os dados que possuímos indicam que os neandertais não aparecem em cena há 600.000 ou 500.000 anos, mas sim há cerca de 400.000 anos atrás”, refere o especialista britânico.
Esta visão é apoiada por Phillip Endicott do “Musée de l'Homme”, em Paris. Os seus estudos sobre o ADN do Homem de Neandertal têm indicado que eles não surgiram como uma espécie separada antes de 400.000 anos atrás. "No entanto, os ossos da 'Gruta dos Ossos', que têm características neandertais, é suposto terem 600.000 anos. Isto não pode ser verdade.", disse Phillip Endicott.
A polémica está lançada, aguarda-se agora futuros desenvolvimentos.
REFERÊNCIAS:
Carretero et al., "Estimación de la estatura en los humanos del yacimiento de la Sima de los Huesos (Sierra de Atapuerca, Burgos) basada en huesos largos completos" Journal of Human Evolution 62: 242-255, 2012. doi:10.1016/j.jhevol.2011.11.004.
Acusan a científicos españoles de distorsionar la teoría de la evolución al datar mal los fósiles de Atapuerca
Scientists are accused of distorting theory of human evolution by misdating bones