Descoberta arqueológica traz novas achegas para o estudo do vírus da hepatite B

A descoberta de uma criança mumificada e com órgãos relativamente bem preservados permitiu a uma equipa de investigadores israelitas e sul coreanos realizar uma análise genética a partir de uma biópsia do fígado que revelou a presença do vírus da hepatite B (HBV) do genótipo C2, muito comum no sudeste asiático.

Foto: AlphaGalileo

A múmia foi encontrada por arqueólogos e datada do séc. XVI. A análise adicional do genoma do HBV pode agora ser utilizado como um modelo para estudar a evolução da hepatite B crónica e ajudar a compreender a propagação do vírus.

Esta descoberta também pode lançar mais luz sobre o caminho migratório de hepatite B no extremo oriente da China e do Japão para a Coreia, bem como para outras regiões da Ásia e Austrália, onde é uma das principais causas de cirrose e cancro hepático. A reconstrução do antigo código genético do vírus da hepatite B é o mais antigo genoma viral completo descrito na literatura científica até à data.

 Esta descoberta foi relatado na edição de 21 de maio da revista científica “hepatology” por uma equipa de investigadores da Hebrew University of Jerusalem’s Koret School of Veterinary Medicine, the Robert H. Smith Faculty of Agriculture, Food and Environment; the Hebrew University’s Faculty of Medicine, the Hadassah Medical Center’s Liver Unit; Dankook University and Seoul National University in South Korea.

Testes de carbono 14 realizados às roupas da múmia sugerem que o menino viveu por volta do séc. XVI durante a dinastia coreana de Joseon. As sequências de ADN virais recuperados a partir da biópsia do fígado permitiram aos cientistas mapear todo o genoma antigo da hepatite B. Utilizando modernas técnicas de genética molecular, os investigadores compararam as sequências de ADN antigo com os genomas virais contemporâneos, tendo sido reveladas algumas diferenças.

As mudanças no código genético podem ter resultado de mutações espontâneas determinadas por pressões ambientais ocorridas durante o processo histórico da evolução do vírus. Com base neste estudo sugere-se que ao vírus Hepatite B pode ter-se formado entre 3.000 e 100.000 anos atrás.

O vírus da hepatite B é transmitido através do contacto com fluidos corporais infetados, ou seja, de mães portadoras para os seus bebês, através do contato sexual e através do abuso de drogas por via intravenosa. Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem mais de 400 milhões de portadores do vírus em todo o mundo, principalmente na África, China e Coreia do Sul, onde se estima que 15 por cento da população é portadora do vírus.

Nos últimos anos a imunização universal de recém-nascidos contra a hepatite B em Israel e na Coreia do Sul levou a uma queda maciça na incidência de infecção. As conclusões resultam de um trabalho multidisciplinar e de um esforço de colaboração entre o Dr. Gila Kahila Bar-Gal of the Hebrew University of Jerusalem’s Koret School of Veterinary Medicine; Prof. Daniel Shouval of the Hadassah Medical Center’s Liver Unit and Hebrew University; Dr. Myeung Ju Kim of Dankook University, Seok Ju Seon Memorial Museum; Dr. Dong Hoon Shin of Seoul National University, College of Medicine ; Prof Mark Spigelman of the Hebrew University’s Dept. of Parasitology and Dr. Paul R. Grant of University College of London,Dept. of Virology.

Citação bibliográfica:
Tracing hepatitis B virus to the 16th century in a Korean mummy. Kahila Bar-Gal G, Kim MJ, Klein A, Shin DH, Oh CS, Kim JW, Kim TH, Kim SB, Grant PR, Pappo O, Spigelman M, Shouval D. The Koret School of Veterinary Medicine, The Hebrew University of Jerusalem, Rehovot, Israel. Hepatology. 2012 May 21. doi: 10.1002/hep.25852.

Fonte: Alpha Galileo
Print Friendly Version of this pageImprimir artigo Get a PDF version of this webpagePDF

Utlizador

Sobre o utilizador

comments powered by Disqus

últimas 20 notícias

acompanhe - nos pelo facebook