Decifrado o legado dos genes dos neandertais nos humanos da atualidade

A edição em simultâneo de dois artigos científicos na Revista Nature e na Revista Sciense  traduz-se em duas importantes achegas para  o  conhecimento do material genético que o homem moderno herdou do seu antepassado Neandertal. Os resultados  são surpreendentes!

Os vestígios de ADN dos Neandertais nos humanos modernos é surpreendente. Cerca de 20% da informação transmitida por esses genes mantêm-se na atualidade e estão implicados em doenças como a doença de Crohn, diabetes de tipo 2 ou a produção de queratina.

Dois estudos conduzidos, respetivamente,  por geneticistas da Universidade de Havard e da Universidade de Washington e ambos publicados no dia 29 de janeiro sugerem que o material genético herdado dos neandertais ajudou o ser humano a adaptar-se às condições ambientais, mas é também dos neandertais que herdamos doenças como a diabetes tipo 2, a doença de Crohn, o lupus ou a cirrose biliar.

Os cientistas sabem que os neandertais se cruzaram com os ancestrais dos humanos modernos deixando para sempre importantes vestígios do seu material genético que ainda hoje influenciam as nossas vidas.

Até agora estimava-se que a percentagem do material genético proveniente dos neandertais se cifrava entre 2% e 4%. Os investigadores Benjamin Vernot e Joshua Akey da Universidade de Washington quiserem ir mais além e sequenciaram o genoma completo de 665 indivíduos procedentes da Europa e Asia Oriental.

Os resultados são surpreendentes. O montante acumulado do genoma Neandertal que persiste através de todos os seres humanos é de 20%.

Ao comparar as sequências de genoma arcaico e moderno, os resultados indicam que enquanto o valor total da sequência de Neandertal em qualquer dos humanos modernos é relativamente baixo, o montante acumulado do genoma Neandertal que persiste através de todos os seres humanos é de 20%.

Os investigadores também descobriram que existem regiões do cromossoma humano onde está totalmente ausente o genoma Neandertal.

Um dado importante diz respeito à forma como a presença de ADN do Neadertal no genoma humano afeta a produção de queratina e o risco de certas doenças.

Nove variantes genéticas dos neandertais influenciam a função imunológica relacionada com algumas doenças do homem da atualidade e, por exemplo, a capacidade de parar de fumar.

Os especialistas asseguram que a ascendência dos neandertais aumenta nos genes que afetam filamentos de queratina. "Esta proteína fibrosa influencia a dureza da pele, cabelos e unhas, e pode ser benéfico em ambientes frios, proporcionando um melhor isolamento," disse David Reich, um dos investigadores envolvidos no estudo publicado na revista Nature. Os dados pormenorizados destes dois estudos podem ser consultados na Revista Nature e na Revista Science.

Referencias:
B.Vernot, J.M. Akey. "Resurrecting Surviving Neanderthal Lineages from Modern Human Genomes" Science. 29 de janeiro de 2014. 

Sriram Sankararaman, Swapan Mallick, Michael Dannemann, Kay Prufer, Janet Kelso, Svante Paabo, Nick Patterson, David Reich. “The genomic landscape of Neanderthal ancestry in present-day humans” Nature 29 de enero de 2014. doi:10.1038/nature12961.
Print Friendly Version of this pageImprimir artigo Get a PDF version of this webpagePDF

Utlizador

Sobre o utilizador

comments powered by Disqus

últimas 20 notícias

acompanhe - nos pelo facebook