Arqueólogos "preocupados" com os funcionários e com Parque Arqueológico do Côa

A Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP) manifestou-se hoje "preocupada" com a situação dos 40 funcionários da Fundação Côa Parque que não receberam o salário referente a janeiro, o que pode pôr em causa um local classificado pela UNESCO.

"A classificação atribuída pela UNESCO como Património da Humanidades ao Vale do Côa vincula o Estado português a garantir a preservação, a divulgação e a visita do complexo nas melhores condições. Ora não é isso que está a acontecer com o atraso nos salários ou corte de 50% no financiamento da fundação", explicou à agência Lusa o representante da AAP, José Morais Arnaut.

"Há já largos meses" que os salários dos trabalhadores da Fundação Côa Parque "têm sofrido atrasos no seu pagamento, como o subsídio de férias, que foi pago com uma semana de atraso, denunciou.

"Deteriora-se a situação na Fundação Côa Parque. Depois de ficarmos a saber que o Governo ainda anda a avaliar o que fazer da Fundação, tivemos hoje a certeza, através de uma nota de serviço interna, de que os nossos ordenados não serão pagos, situação que se pode arrastar até fevereiro", acrescentou.

Segundo o Presidente da Fundação Côa Parque, Fernando Real, as dividas à Fundação, por parte dos fundadores, ronda os 1,2 milhões de euros.

"A verba que entrou nos cofres na fundação proveniente das transferências corrente é de cerca de 688 mil euros", adiantou.

Segundo o responsável pela Associação dos Arqueólogos, "assim, o corte de 50% nas verbas que o Estado transferia para a Fundação coloca em causa o funcionamento do Museu do Côa(MC) e do Parque Arqueológico do Vale do Côa(PAVC)", frisou o .

"Se não houver verbas destinadas à seguranças dos principais nucelos arqueológicos, estes correm o risco de se degradarem, o que seria uma perda enorme e o país ficaria muito mal visto se não se não conseguisse assegurar a preservação das gravuras com mais de 20.000 anos e, ao mesmo tempo, a manutenção do Museu do Côa, já que o Estado tem responsabilidades perante a própria UNESCO", enfatizou José Morais Arnaut.

Os membros fundadores da Côa Parque são a Direção-Geral do Património Cultural, ministérios da Economia e do Ambiente, Câmara de Vila Nova de Foz Côa e Associação de Municípios do Vale do Côa.

O problema já foi apresentado "exaustivamente" ao Governo para se viabilizar a fundação, ou outro modelo de gestão para manter o Museu do Côa e o parque Arqueológico do Vale do Côa, disse a fonte.

Para denunciar a situação publicamente, foi anunciada uma concentração em Lisboa junto à Secretaria de Estado da Cultura e uma jornada de luta a realizar no próximo dia 13 de fevereiro.

A museografia do Museu do Côa foi concebida dentro de "todo o rigor científico", como uma mostra explicativa dos ciclos de arte rupestre do Baixo Côa e Douro Superior, que se iniciaram no paleolítico superior, há mais de 25.000 anos.

O Museu abriu as portas a 31 de julho de 2010, 15 anos depois da polémica que determinou a suspensão da construção da barragem, devido aos protestos de ambientalistas e de especialistas em arte rupestre, e custou cerca de 17 milhões de euros.
 FYP // ARA
 Lusa Fim
Fonte: Lusa
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