Os resultados foram revelados no dia 13 num ciclo de conferências sobre arqueologia no museu municipal. Estima-se que os corpos tenham sido enterrados durante o tempo em que existiu a igreja no local, que terá sido edificada em 1724 e que ruiu com o terramoto de 1755. Segundo o arqueólogo Henrique Mendes o facto de haver poucos cadáveres enterrados é justificado pela curta duração da igreja e pelo facto de não haver grande densidade populacional na zona. Com as ossadas não estavam objectos religiosos nem vestígios de caixões, segundo explicou o antropólogo David Gonçalves, que fez o estudo dos cadáveres.
A análise às ossadas ainda não está terminada mas já é possível dizer que correspondem a adultos de ambos os sexos. À excepção de um, os cadáveres foram enterrados de costas e estavam cobertos de cal. “Na época pensava-se que a cal acelerava a decomposição dos corpos e que ajudava a evitar a propagação de doenças “, afirmou David Gonçalves. Estima-se que os corpos pertencessem a elementos da Terceira Ordem Franciscana. “A ordem estava aberta a indivíduos de todas as posições sociais”, esclareceu o antropólogo.
Os ossos estiveram no Laboratório de Conservação e Restauro da Quinta da Piedade e estão agora à guarda do museu municipal. Recorde-se que a edificação do novo Centro de Saúde de Alhandra só foi possível porque o Patriarcado de Lisboa aceitou fazer uma permuta de terrenos com a Câmara de Vila Franca. As negociações arrastaram-se durante anos. O Patriarcado cedeu o quintal de São Francisco e em troca a autarquia cedeu à paróquia o terreno situado ao lado das casas mortuárias com vista à construção de um salão paroquial.
Fonte: O Mirante
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