Umas ruínas, um festival e uma controvérsia à volta do sítio arqueológico de Mohenjo Daro

Está instalada uma controvérsia à volta das  ruínas de Mohenjo Daro, no Paquistão, onde as autoridades pretendem realizar um festival de música e de dança em prol da paz.

Foto: BBC

Um grupo de profissionais ligados ao património do Paquistão pediram à UNESCO para parar um evento cultural que vai ser realizado dentro de um sítio classificado com Património Mundial.

O grupo de estudiosos e arqueólogos dizem que a cerimónia de abertura do festival cultural "Sindh"  poderá ter impactos negativos e danificar as ruínas de Mohenjo Daro, considerada a cidade mais antiga que existe no mundo, com uma cronologia que  remonta à civilização pré-hindu do Vale do Indo.

O festival é uma ideia populista de um jovem líder do Partido do Povo do Paquistão, Bilawal Bhutto Zardari, filho da primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto que foi assassinada.

Shahzeb Jillani, um correspondente da BBC em Karachi, escreveu no site oficial da estação de televisão inglesa que os arranjos oficiais para a cerimónia de abertura do evento estão em pleno andamento, mas os líderes conservacionistas estão indignados.

Segundo um movimento local de pessoas e profissionais ligados à conservação do património no Paquistão, muitos dos sítios arqueológicos deste país, incluindo Mohenjo Daro, encontram-se em perigo e acusam o governo de desrespeito para com a herança do passado e de não tomar medidas para a sua preservação.

Mas Bhutto Zardari rejeitou as críticas, dizendo que os organizadores estão a tomar o máximo de cuidado e que o evento vai mesmo em frente.

Grandes andaimes de madeira e de aço foram montados sobre e ao redor das ruínas, enquanto holofotes pesados e lasers foram instalados para um show de luzes, de dança e de música que deverá levar até ao local muitos milhares de pessoas.