Os arqueólogos já suspeitavam que os esqueletos de 13 homens, três mulheres e duas crianças, encontrados na sequência das obras de expansão do metro da capital britânica, podiam pertencer a vítimas da epidemia que matou um terço da população de Londres.
Um século, três surtos
A Peste Negra chegou a Inglaterra em 1348 e a primeira camada de esqueletos encontrados terão sido enterrados entre 1348 e 1349. A segunda camada coincide com o novo surto registado em 1361 e a última camada de esqueletos descobertos terá pertencido a corpos enterrados durante um terceiro surto que eclodiu entre 1433 e 1435.
"As análises revelam uma quantidade extraordinária de informação que nos permite resolver um mistério com 660 anos”, disse à Reuters Jay Carver, o arqueólogo que dirige a investigação. “Esta descoberta é um passo extremamente importante no sentido de compreender e documentar a pandemia mais devastadora da Europa”, acrescentou.
Os arqueólogos revelaram ainda que 40% cresceram fora de Londres, possivelmente no norte da Escócia, mostrando que no século XIV Londres atraía pessoas de todo o país, tal como acontece actualmente com a capital britânica.
Jay Carver destacou ainda o contributo da descoberta para a comunidade científica e para a investigação moderna das doenças. “Historiadores, arqueólogos, microbiólogos e físicos estão a trabalhar em conjunto para traçar as origens e o desenvolvimento de uma das piores doenças endémicas do mundo e ajudar os investigadores de hoje a compreender melhor a evolução dessas bactérias”, destacou.
Os testes de ADN permitem também concluir, argumentam os cientistas que a doença se propagou sobretudo através da tosse e dos espirros e não apenas por causa dos ratos, como se pensa. Uma equipa do organismo britânico que estuda doenças infecciosas (Public Health England), liderada por Tim Brooks, argumenta que a infecção propagou-se de forma tão rápida que deve ter afectado os pulmões das vítimas malnutridas, dando a entender que se tratou de focos de peste pneumónica em vez de peste bubónica. Ver video »»
Fonte: Público