Nas suas viagens ao redor do globo, Elizabeth Kolbert, colunista do jornal “The New Yorker” , cujo novo livro “The Sixth Extinction: An Unnatural History” se está a configurar como um dos livros na categoria de ensaio com mais impacto neste ano, expõe-nos evidências de uma sexta extinção em massa: a extinção que já está em andamento e que, provavelmente, será a mais devastadora de sempre, mesmo mais devastadora do que a onda de destruição causada pelo impacto de um asteróide que alguns cientistas defendem que caiu na terra e pôs fim aos dinossauros. A diferença, desta vez, é que somos nós, a humanidade, os responsáveis por essa destruição.
A notícia perturbadora do livro de Elizabeth Kolbert “The Sixth Extinction” é que neste momento estamos a testemunhar uma morte lenta e em grande escala das espécies, só comparável a grandes momentos de extinção anteriores. Um sintoma precoce e surpreendente da sexta extinção é o colapso repentino e global de inúmeras variedades de rãs,um anfíbio cujos antepassados sempre foram tão hábeis em sobreviver. Mas agora não se pode atribuir a culpa à queda de um asteróide, porque só existe uma e única espécie culpada: a espécie humana. De diversas formas, estamos a transformar o nosso planeta num espaço inabitável para muitos de nossos companheiros de sempre: as espécies animais e vegetais. Comprar livro »»
Na primeira metade do livro, Elizabeth Kolbert descreve o que aconteceu com espécies como o mastodonte americano e o grande “auk” (Alca) uma ave caradriformes da família dos Alcidae. Quando os seres humanos chegaram à ilha Eldey, ao largo da costa da Islândia, os desajeitados grandes “auks” tentaram fugir, mas foram demasiado lentos. Os invasores acabaram por estrangulá-los para vender as suas carcaças a colecionadores de Londres. O último par de grandes “auks” foi morto em 1844.<
Na segunda metade do livro Kolbert analisa de forma crua e nua o presente. Foi somente no final do século XVIII que os cientistas começaram a aceitar a teoria da extinção de espécies, proposta pela primeira vez por Georges Cuvier. A vida, segundo Cuvier, tem uma história marcada pela mudança, pela perda e, em alguns casos, pela extinção. Antes de Georges Cuvier acreditava-se que todas as espécies continuariam sempre a existir em algum lugar da Terra. Somente após a descoberta e investigação criteriosa de inúmeros de fósseis em todo o mundo a tese de Cuvier pôde ser confirmada.
A extinção em massa é o tema sombrio, mas realista, apresentado no livro de Elizabeth Kolbert, o que o torna numa leitura emocionante e imperdível. A escritora diz que "decidiu vestir a pele de um paleontólogo quando tinha apenas sete anos, depois de ler uma aventura de Tintin sobre uma escavação." Talvez seguindo essa dica, Kolbert lançou-se na aventura, tal como Tintin, e como uma repórter itinerante conseguiu juntar os depoimentos de investigadores de campo em todo o mundo que como ela tentam resolver o mistério do assassinato final: Porque estão a morrer tantos animais no nosso planeta e como poderemos nós parar esta verdadeira chacina?
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