Livro de Elizabeth Kolbert “A sexta grande extinção será causada por nós”

Ao longo dos últimos 500 milhões de anos os cientistas calculam que houve cinco grandes extinções em massa, cinco momentos em que a diversidade da vida na Terra sofreu impactos desastrosos.

Nas suas viagens ao redor do globo, Elizabeth Kolbert, colunista do jornal “The New Yorker” , cujo novo livro “The Sixth Extinction: An Unnatural History” se está a configurar como um dos livros na categoria de ensaio com mais impacto neste ano, expõe-nos evidências de uma sexta extinção em massa: a extinção que já está em andamento e que, provavelmente, será a mais devastadora de sempre, mesmo mais devastadora do que a onda de destruição causada pelo impacto de um asteróide que alguns cientistas defendem que caiu na terra e pôs fim aos dinossauros. A diferença, desta vez, é que somos nós, a humanidade, os responsáveis por essa destruição.

A Sexta Extinção
A notícia perturbadora do livro de Elizabeth Kolbert “The Sixth Extinction” é que neste momento estamos a testemunhar uma morte lenta e em grande escala das espécies, só comparável a grandes momentos de extinção anteriores. Um sintoma precoce e surpreendente da sexta extinção é o colapso repentino e global de inúmeras variedades de rãs,um anfíbio cujos antepassados sempre foram tão hábeis em sobreviver. Mas agora não se pode atribuir a culpa à queda de um asteróide, porque só existe uma e única espécie culpada: a espécie humana. De diversas formas, estamos a transformar o nosso planeta num espaço inabitável para muitos de nossos companheiros de sempre: as espécies animais e vegetais. Comprar livro »»
Um paleontólogo chamado David Roup descreveu a história da vida na Terra como "longos períodos de tédio interrompidos ocasionalmente pelo pânico." Com base nas evidências relatadas no livro de Kolbert, este é um momento de pânico. Elizabeth Kolbert estima que um terço dos recifes de corais, um terço dos moluscos de água doce, um terço dos tubarões e raias, um quarto de todos os mamíferos e um sexto de todos os pássaros estão a caminhar a passos largos para a extinção. Como referiu um famosos ecologista, "Estamos serrar o galho onde estamos pousados." E as alterações não se verificam apenas ao nível da mudança climática. Neste momento é assustadora a forma como se está a processar a redução das florestas tropicais, a acidificação dos oceanos e como a atmosfera está a ser bombardeada por níveis inacreditáveis de dióxido de carbono.
Na primeira metade do livro, Elizabeth Kolbert descreve o que aconteceu com espécies como o mastodonte americano e o grande “auk” (Alca) uma ave caradriformes da família dos Alcidae. Quando os seres humanos chegaram à ilha Eldey, ao largo da costa da Islândia, os desajeitados grandes “auks” tentaram fugir, mas foram demasiado lentos. Os invasores acabaram por estrangulá-los para vender as suas carcaças a colecionadores de Londres. O último par de grandes “auks” foi morto em 1844.<

Na segunda metade do livro Kolbert analisa de forma crua e nua o presente. Foi somente no final do século XVIII que os cientistas começaram a aceitar a teoria da extinção de espécies, proposta pela primeira vez por Georges Cuvier. A vida, segundo Cuvier, tem uma história marcada pela mudança, pela perda e, em alguns casos, pela extinção. Antes de Georges Cuvier acreditava-se que todas as espécies continuariam sempre a existir em algum lugar da Terra. Somente após a descoberta e investigação criteriosa de inúmeros de fósseis em todo o mundo a tese de Cuvier pôde ser confirmada.


A atividade humana tem transformado, nos últimos séculos, metade da superfície terrestre do planeta. A maioria dos grandes rios do mundo foram represados ou desviados, mas estamos a consumir mais de metade da produção natural de água potável. Em dois séculos, conseguimos um aumento do dióxido de carbono na atmosfera em cerca de 40%. Desde a revolução industrial que foi queimado um número absurdo de toneladas de combustível fóssil, responsável pela libertação de 365,000 milhões de toneladas de carbono para a atmosfera. Deste total, cerca de um terço já foi absorvido pelos oceanos de todo mundo mundo, oceanos esses que se estão a transformar perigosamente em imensas massas de água acidificadas.

A extinção em massa é o tema sombrio, mas realista, apresentado no livro de Elizabeth Kolbert, o que o torna numa leitura emocionante e imperdível. A escritora diz que "decidiu vestir a pele de um paleontólogo quando tinha apenas sete anos, depois de ler uma aventura de Tintin sobre uma escavação." Talvez seguindo essa dica, Kolbert lançou-se na aventura, tal como Tintin, e como uma repórter itinerante conseguiu juntar os depoimentos de investigadores de campo em todo o mundo que como ela tentam resolver o mistério do assassinato final: Porque estão a morrer tantos animais no nosso planeta e como poderemos nós parar esta verdadeira chacina?

Ver o Vídeo com depoimentos da autora »»


Print Friendly Version of this pageImprimir artigo Get a PDF version of this webpagePDF

Utlizador

Sobre o utilizador

comments powered by Disqus

últimas 20 notícias

acompanhe - nos pelo facebook