Protestos na Grécia contra os planos do governo que pretende vender edifícios históricos

A Europa atravessa efetivamente uma das mais terríveis fases da sua história. Uma degradação tão grande que leva os próprios governos a colocarem à venda o património histórico nacional, um património que deveria ser inalienável por também ser de pertença coletiva.

STOA DE ÁTALO
Na Grécia o património cultural tem sido o foco de renovados protestos e manifestações porque o governo anunciou que pretende vender alguns edifícios de referência histórica que se encontram em torno da Acrópole. Trata-se de um novo programa de privatizações de um governo que desgoverna um país falido e que não olha a meios para dar cumprimento aos interesses financeiros de um capitalismo sem escrúpulos.

Muitas pessoas marcharam este fim-de-semana pelo centro da cidade de Atenas  com o objetivo de denunciar a venda ilegal do património do país. Há mais de quatro anos a viver numa crise económica sem precedentes, gerada por um dívida incontrolável e impagável, muitos consideram que esta é a pior humilhação que pode ser imposta a uma nação dizimada pelos níveis de austeridade e pelos recordes históricos de pobreza e desemprego.

“será que a proposta ultrajante apresentada pela revista alemã Bild onde se sugere que a Grécia deveria vender ou arrendar as suas ilhas para reduzir a sua dívida vai mesmo acontecer?" "O governo está constantemente a tentar transmitir a ideia de que há uma recuperação da economia, mas a realidade é bem diferente", disse o ativista de esquerda Petros Constantinou. "A decisão de colocar prédios públicos à venda não é apenas a prova de que este governo está longe de atingir os objetivos mas, o mais importante, é estarem completamente errados ao colocarem à venda edifícios e monumentos que pertencem a todos e poderiam ser explorados em benefício público."

O movimento contesta uma decisão igualmente controversa tomada pelo conselho arqueológico do país (Kas) que permite que dois dos sítios arqueológicos mais importantes de Atenas – a” Stoa de Átalo” e o Estádio Panathinaiko - possam ser arrendados a empresas para eventos privados. Anteriormente, os pedidos de uso comercial dos monumentos foram todos categoricamente rejeitada pelo conselho. Por exemplo, em 1998 o Kas recusou uma oferta por Calvin Klein para arrecadar fundos para a construção do Novo Museu da Acrópole.


A decisão de vender ativos públicos com significado e valor histórico e arquitetónico não só irritou os esquerdistas anti-austeridade, como também irritou profundamente os conservadores reformistas.

Perante a realidade, os gregos sentem-se cada vez mais humilhados e ultrajados, acusando a Alemanha de estar a influenciar o processo de privatizações e a pressionar para que o governo venda tudo ao desbarato.

Tal sentimento levou Nikos Xydakis, um conservador, a lamentar estas últimas decisões do governo em vender as propriedades imbuídas de um grande valor simbólico e em jeito de prognóstico acabou a perguntar: “será que a proposta ultrajante apresentada pela revista alemã Bild onde se sugere que a Grécia deveria vender ou arrendar as suas ilhas para reduzir a sua dívida vai mesmo acontecer?".

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