Relação entre idiomas da América do Norte e da Sibéria pode lançar luz sobre a migração humana pelo estreito de Bering

A análise evolutiva aplicada à relação entre as línguas e dialetos da Sibéria Central e Norte da América pode trazer novas achegas para a compreensão dos processos migratórios que foram operados a partir do Estreito de Bering.

A nova proposta de investigação surge publicada na revista eletrónica PLOS ONE com data de 12 de março de 2014, tendo como autores Mark Sicoli, da Universidade de Georgetown e Gary Holton da Universidade de Alaska Fairbanks.

A premissa do estudo assenta no princípio de que as línguas evoluem lentamente e podem permitir a compreensão dos padrões migratórios humanos. Uma família de línguas conhecida como a “Dené-Yeniseian” sugere que existem elementos de linguagem comuns entre as línguas norte-americana “Na-Dene” e as línguas “Yeniseian” da Sibéria Central.

Os investigadores usaram a filogenia linguística para trabalhar com cerca de 40 línguas difundidas por territórios da América do Norte e Ásia Para investigar este assunto, os cientistas utilizaram uma técnica originalmente desenvolvida para investigar as relações evolutivas entre as espécies biológicas, chamada de análise filogenética, em que uma árvore é construída para representar relações de ancestralidade comum com base em características comuns.

Os investigadores usaram a filogenia linguística para trabalhar com cerca de 40 línguas difundidas por territórios da América do Norte e Ásia. Os resultados mostram uma dispersão inicial do “Na-Dene” ao longo da costa norte-americana com um ponto de inicio que sugere uma migração do “ Yeniseian” a partir da Sibéria e uma posterior dispersão desses idiomas para a América do Norte, para o interior onde existem línguas radicadas na família linguística “Na-Dene”.

Mark Sicoli, explicou que foram usados métodos filogenéticos computacionais para "formar uma árvore genealógica linguística capaz de fornecer elementos que permitam a formação de uma hipótese que relacione o movimento humano entre a ásia e a América do Norte através do Estreito de Bering”.


Embora os autores não possam determinar conclusivamente o padrão de migração apenas a partir destes resultados, afirmam que este estudo não contradiz a hipótese de os antigos caçadores recolectores terem entrado no Novo Mundo através do estreito de Béring, e que esta não foi uma passagem ocasional.

Este trabalho também pretende demonstrar a utilidade da modelagem evolucionária com árvores linguísticas para investigar questões de natureza histórica.

 Referência: Mark A. Sicoli, Gary Holton. Linguistic Phylogenies Support Back-Migration from Beringia to Asia. PLoS ONE, 2014; 9 (3): e91722 DOI: 10.1371/journal.pone.0091722



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