Estudo ajuda a perceber o processo dinâmico de difusão da agricultura

Grãos carbonizados de cevada, milho e trigo com mais de 5 000 anos foram encontrados em locais arqueológicos das planícies do Cazaquistão que testemunham que os nómadas desempenharam um papel fundamental para a disseminação precoce das culturas domesticadas ao longo de um corredor leste-oeste , correspondente à cadeia montanhosa na qual se viria a desenvolver a histórica Rota da Seda.

FOTO: PAULA DOUMANI (http://news.wustl.edu)
"As nossas descobertas indicam que os antigos pastores nómadas foram elementos-chave numa rede de trocas milenares que se desenvolveram entre territórios que correspondem à China de hoje e o sudoeste da Ásia", disse o co-autor do artigo publicado   na revista “Proceedings of the Royal Society B,  Michael Frachetti,  professor de arqueologia na faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Washington e principal responsável do projeto de investigação.

"Este trabalho mostra que os nómadas tiveram diversos sistemas económicos e foram importantes para remodelar esferas económica de âmbito mais abrangente" "Trigo muito antigo, assim como o milho e a cevada, recuperados em assentamentos arqueológicos de grupos nómadas no Cazaquistão, mostram que os pastores pré-históricos na Euroásia Central tinham já incorporado estas culturas na sua economia, fazendo recuar em quase 5.000 a cronologia da interação ao longo do território da " Rota da Seda”, disse Frachetti.

O estudo foi publicado ontem, dia 2 de abril na revista “Proceedings of the Royal Society B” , referindo que várias espécies de grãos antigos fizeram um percurso através de milhares de quilómetros até à Euroásia, muitos anos antes do que até agora estava documentado.

Embora estas culturas fossem conhecidas no Sudoeste da Ásia há muitos milhares de anos atrás, encontrar alguns dos seus vestígios em estratos arqueológicos da Idade do Bronze em contextos sociais articulados com a atividade dos pastores nómadas, fornece alguns dos primeiros sinais concretos de interação leste-oeste na vasta extensão de montanhas da Eurásia, sendo também a primeira evidência botânica da presença da agricultura entre os nómadas da Idade do Bronze nesta região.

"Este estudo apresenta um novo modelo interpretativo das alterações económicas operadas em toda a Euroásia", disse Robert Spengler, investigador da faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Washington, que também é autor do estudo.

"Este trabalho mostra que os nómadas tiveram diversos sistemas económicos e foram importantes para remodelar esferas económica de âmbito mais abrangente".

"Esta é uma das primeiras aplicações sistemáticas da arqueobotânica na região, fazendo prever o enorme potencial que poderá ser descoberto no futuro ", disse Spengler.

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Referência: E. Bullion, A. Mar'yashev. Early agriculture and crop transmission among Bronze Age mobile pastoralists of Central Eurasia. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, 2014; 281 (1783): 20133382 DOI: 10.1098/rspb.2013.3382
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