Canibalismo em Atapuerca serviu para controlar os recursos do meio ambiente

A prática de canibalismo em Atapuerca parece ter sido realizada em ocupações de longo prazo para ter o controle sobre os recursos do meio ambiente, resultante de uma competição entre grupos de indivíduos da mesma espécie. Pelo menos é o que diz a investigadora Palmira Saladié num artigo publicado na revista “Quaternary Science Reviews” .


Palmira Saladié, de pé, junto à sua equipa de investigadores, Isa Cáceres, Rosa Huguet e Antonio Rodríguez. Gerard Campeny / IPHES
De acordo com as conclusões da investigação científica realizada por uma equipa do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social existiu na serra da Atapuerca uma clara competição por recursos que levou a manifestações de canibalismo.

Desde 1994 que são conhecidos os primeiros vestígios desta prática, encontrados em contextos arqueológicos articulados com o designado Homo antecessor, nomeadamente no contexto TD6 piso - 2 de Gran Dolina.

Neste estrato, foram encontrados restos fósseis, com cerca de 800.000 anos, onde estão patentes algumas marcas que evidenciam a prática do canibalismo, sendo das evidências mais antigas conhecidas até ao momento.

A equipa de Palmira Saladié chegou a estes resultados depois de analisar os restos de Homo antecessor e mais de 4.412 restos faunísticos encontrados em contextos contemporâneos desta espécie. Um dos pilares desta investigação foi aprofundar o estudo dos ossos consumidos ao longo de um longo período cronológico.

Do estudo há a assinalar, como principal conclusão, que o canibalismo ocorreu num “ambiente onde havia um certo nível de competição intraespecífica, ou seja, entre os membros da mesma espécie”.

Referência: The role of carnivores and their relationship to hominin settlements in the TD6-2 level from Gran Dolina (Sierra de Atapuerca, Spain). 
Palmira Saladiéa, Antonio Rodríguez-Hidalgoa, Rosa Hugueta,Isabel Cáceresb, Carlos Díeze, Josep Vallverdúa, Antoni Canalsb, María Sotoa,Boris Santanderb, José María Bermúdez de Castrof, Juan Luis Arsuagag, Eudald Carbonella. 
Volume 93, 1 June 2014, Pages 47–66
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