"As escavações em curso não visam encontrar mais uma igreja. Procuramos uma igreja com mais de mil anos, onde pode estar sepultado o último rei dos Visigodos", referiu, em declarações à agência Lusa.
A envolvente da Igreja de São Miguel do Fetal, em Viseu, está a ser alvo, desde segunda-feira, de trabalhos arqueológicos dirigidos pela investigadora Catarina Tente, no âmbito do Instituto de Estudos Medievais da Universidade Nova de Lisboa.
A iniciativa é financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian e tem o apoio do Município de Viseu. "A igreja que procuramos vem citada em documentos do século X, durante a conquista de Viseu pelo rei asturiano, que diz que aqui estava sepultado o último rei dos Visigodos, o que dá grande importância a Viseu e a este sítio", esclarece.
Catarina Tente explica que esta é já a segunda campanha de escavações realizadas no local, depois de uma primeira fase realizada no ano passado.
"A nossa área de intervenção é a envolvente da igreja do século XVIII - a Igreja de São Miguel do Fetal - onde estamos a escavar antigos edifícios de igrejas anteriores", informou.
A investigadora revela que para já foi possível descobrir uma necrópole, que é "um cemitério medieval e moderno, que está muito destruído pelas obras para a construção da igreja do século XVIII que está no local".
"Também encontrámos um ou dois, ainda não foi possível precisar, edifícios de igrejas anteriores à Igreja de São Miguel do Fetal", acrescentou.
A campanha arqueológica, levada a cabo por uma equipa de 10 pessoas, vai estar no terreno até domingo.
Sobre a campanha em curso, o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, sublinha que o conhecimento deste período é indispensável para Viseu.
"Temos uma centralidade histórica no país e na península que precisa de ser conhecida e redescoberta", sustenta.
A investigação arqueológica em São Miguel do Fetal insere-se num projeto de estudo sobre as relações de poder e a organização administrativa, política e eclesiástica da cidade de Viseu e do seu território, entre os séculos V a XI.
Fonte: Lusa