O decreto do Governo dos Açores que cria este novo parque arqueológico nos mares do arquipélago já foi publicado no Diário da República e refere a “importância histórica e a singularidade dos restos submersos da Caroline”, que se encontram num local de águas pouco profundas junto à costa poente do Pico.
O sítio do naufrágio do veleiro Caroline tem, por outro lado, “condições de visitação”, permitindo “visitas controladas de mergulhadores, mediadas por empresas marítimo-turísticas devidamente licenciadas, sem impacto negativo sobre a conservação dos bens arqueológicos e naturais”, lê-se no mesmo texto.
A criação deste parque é, por isso, também justificada com “a necessidade de medidas de proteção, de estudo e inventariação do património subaquático que resultem na divulgação do turismo arqueológico e no incremento da história náutica dos Açores”.
“Por outro lado, a proteção dos restos afundados da Caroline permite a conservação e salvaguarda da biodiversidade marinha existente naquela zona”, já que a estrutura submersa “proporciona substrato para a colonização de organismos sésseis, criando um ambiente similar aos recifes naturais costeiros do mar dos Açores, nos quais se abrigam espécies marinhas de importância ecológica e económica”, acrescenta o decreto, notando que o veleiro está num local classificado como Zona Especial de Conservação dos Ilhéus da Madalena.
A área do Parque Arqueológico Subaquático da Caroline é um quadrado com 300 metros de lado, sendo o centro o local onde estão os restos do barco.
Estão registados em fontes históricas escritas entre 600 e 700 naufrágios nos mares dos Açores entre os séculos XVI e XX, segundo disse à Lusa em junho do ano passado o arqueólogo José Bettencourt, do Centro de História Além-Mar.
O Caroline era um veleiro de quatro mastros com casco de ferro e 97,86 metros de comprimento. Pertencia à empresa Ant. Dom. Bordes et Fils e fazia a chamada “carreira do salitre”, entre o Chile e França.
A Ant. Dom. Bordes et Fils era então uma das maiores empresas de importação, desde o Chile para a Europa, de nitrato de sódio, usado como fertilizante.
Além do local do naufrágio do Caroline, existe nos Açores outro parque arqueológico subaquático: a baía de Angra do Heroísmo, com diversos locais visitáveis, como um cemitério de âncoras e o sítio onde está o vapor Lidador, um navio brasileiro de transporte de passageiros e mercadorias que se afundou em 1878.
Fonte: Jornal dos Açores »»