Kirkut - Foto pesquisa Google |
Os ataques de 'jihadistas' do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) no Iraque também preocupam os investigadores. O risco "é maior" do que em 2013, aquando da primeira campanha no local, Kani Shaie, que fica entre as cidades curdas de Kirkuk e Sulaimania, referiu André Tomé.
"O EIIL preocupa-nos, mas não há confrontos na cidade de Kirkuk e as autoridades locais garantem que é seguro ir para o terreno", sublinhou Ricardo Cabral, outro dos co-diretores, referindo que estabeleceram três cenários em que a campanha é suspensa: "se o EIIL tomar Kirkuk, se surgirem atentados com frequência no Curdistão, ou se existir alguma demonstração de força do governo iraquiano" em relação às pretensões curdas de um estado independente.
Naquele local, a equipa, com quatro elementos da UC e dois da Universidade de Pensilvânia, pretende agora "perceber o tipo de ocupação no período de 4000 e 3000 a.C., ver se o espaço remonta a uma ocupação neolítica e perceber qual a ocupação no período clássico [entre 300 a.C. e 500 d.C.]", explicou Ricardo Cabral.
Também inserida na campanha arqueológica, está a "utilização de scanners 3D e fotogrametria", que permite uma "divulgação mais abrangente" do projeto, havendo a possibilidade da criação de um "museu virtual" em torno de Kani Shaie, avançou o investigador.
"Ninguém estava à espera de encontrar esta peça, porque apenas apareciam em grandes cidades no sul da Mesopotâmia", salientou.
O projeto, que já foi mencionado na revista norte-americana Science, corre o risco de terminar, devido ao fim de financiamento da FCT ao CEAAP, salientou o investigador.
"Cortaram-nos as pernas num momento em que atingimos o patamar de grandes universidades. Muitos governos usam as expedições arqueológicas como forma de criarem intercâmbios económicos, mas em Portugal é complicado dizer que a cultura dá dinheiro", lamentou Ricardo.
Agora, os dois investigadores estão "a pensar seriamente" em sair do país e levar o projeto com eles.
Lusa