Foto: CAS UW |
A descoberta é de grande importância para o conhecimento dos antigos povos e civilizações, ainda pouco estudados, que dominaram os territórios da Núbia.
Ao longo do rio Nilo, numa extensão de 6.700 km, uma grande variedade de povos tiveram os seus assentamentos, devido, sobretudo, à abundância de água e à riqueza agrícola do vale. Os Egípcios foram, sem dúvida, os que mais partido tiraram das potencialidades do Vale do Nilo, contudo, mais para sul, outra civilização complexa conseguiu desenvolver-se, ficando estes conhecidos como os núbios.
Desde sempre os núbios se apresentaram como uma cultura enigmática que rivalizava militarmente com os próprios faraós. Quando o Egito ficou sob o domínio romano primeiro e bizantino depois, a sua influência cultural chegou até aos povos núbios, incluindo a religião cristã.
Portanto, tendo em consideração este substrato cultural, acaba por não ser muito surpreendente a descoberta deste edifício religioso. "É um sinal de poder e riqueza Makuria, um dos reinos esquecidos da África medieval. Ghazali é um projeto dos reis da Núbia, que também construíram povoados fortificados ao longo do Vale do Nilo ", explicou o coordenador deste projeto arqueológico, Professor Artur Obłuski.
O principal edifício do mosteiro é a igreja norte que surge com um aparelho de pedra em cantaria. Os arqueólogos dizem que o seu estilo e método construtivo se aproxima muito da qualidade dos edifícios Bizantinos.
O trabalho desta equipa ajudou a encontrar uma segunda igreja mais a sul que tem um tamanho menor do que a primeira e é construída com tijolos secos, embora mantenha as características arquitetónicas das igrejas da Núbia.
Um dos aspectos mais importantes desta investigação tem a ver com os esforços para tentar traduzir as inscrições encontradas em diferentes partes do complexo. Uma tarefa muito difícil devido ao seu mau estado. Até agora, os arqueólogos da Universidade de Varsóvia conseguiram decifrar a escrita em grego com a frase 'Cordeiro de Deus'. Este achado demonstra que os núbios não só conhecia a língua grega, mas que também a usavam nos seus escritos de uma maneira mais comum do que o esperado.
Fonte: ABC