Foto: Copyright Eric Matson, Australian Institute of Marine Science |
Estes resultados são apresentados num novo estudo internacional coordenado por Raphael Neukom do Centro Oeschger, da Universidade de Berna e do Instituto Federal Suíço de Pesquisas WSL e foram publicados ontem na revista Nature Climate Change.
O Hemisfério Sul é um lugar difícil para os cientistas que estudam clima. Os seus vastos oceanos, o gelo da Antártida e os desertos tornam particularmente difícil a recolha de informações sobre o clima atual e, mais ainda, sobre o clima do passado. No entanto, a ciência permite a reconstruções multicentenária do clima passado, a partir da dendrocronologia, sedimentos de lagos, corais e núcleos de gelo, permitindo entender os mecanismos do sistema climático. Até agora, estas estimativas de longo prazo foram realizadas quase exclusivamente com base em dados do Hemisfério Norte.
Os investigadores atribuem estas grandes diferenças térmicas à chamada "variabilidade interna." Este termo descreve a interacção caótica entre os oceanos e a atmosfera dentro de um sistema climático que leva a alterações bruscas das temperaturas. E as diferenças regionais ocorridas com essas flutuações parecem ser maiores do que se pensava anteriormente.
Os cientistas descobriram que a maioria dos modelos climáticos são incapazes de simular satisfatoriamente as consideráveis diferenças s entre os hemisférios. Os modelos parecem subestimar a influência da variabilidade interna, em comparação com forças externas, como a irradiação solar, erupções vulcânicas ou as emissões de gases que provocam o efeito de estufa.
Referência: Raphael Neukom, Joëlle Gergis, David J. Karoly, Heinz Wanner, Mark Curran, Julie Elbert, Fidel González-Rouco, Braddock K. Linsley, Andrew D. Moy, Ignacio Mundo, Christoph C. Raible, Eric J. Steig, Tas van Ommen, Tessa Vance, Ricardo Villalba, Jens Zinke, David Frank. Inter-hemispheric temperature variability over the past millennium. Nature Climate Change, 2014; DOI:10.1038/NCLIMATE2174