Amostra fecal fossilizada do séc. XIV contém genes de resistência a antibióticos

Uma equipa de investigadores franceses descobriu um vírus contendo genes de resistência a antibióticos numa amostra fecal fossilizada do século XIV. 

CIDADE DE NAMUR - BÉLGICA
Os resultados desta investigação foram anunciados na revista Applied and Environmental Microbiology, prevendo-se a sua publicação definitiva para Maio de 2014.

A origem desta investigação relaciona-se com uma intervenção arqueológica realizada no âmbito de um projeto de renovação urbana na cidade de Namur, na Bélgica, onde foram descobertas umas antigas latrinas datadas do ano 1330.

"Este é o primeiro trabalho a analisar um antigo ADN de metagenoma viral", diz Rebecca Vega Thurber da Universidade Estadual de Oregon, Corvallis.

Os vírus na amostra fecal são fagos, que são vírus que infectam bactérias, em vez de infectar organismos eucarióticos, tais como animais, plantas e fungos.

A maioria das sequências virais encontrados no coprolito antigo foram relacionadas com vírus atualmente conhecidos que infectam bactérias comumente encontradas nas fezes (e, portanto, no trato gastrointestinal humano), incluindo bactérias que vivem sem causar danos, e até mesmo prestativamente no intestino humano, e patógenos humanos, diz o autor correspondente Christelle Desnues de Aix Marseille Université.

As comunidades de fago dentro da coprolito eram taxonomicamente diferentes das comunidades encontradas nas pessoas da atualidade, mas as funções que realizam parecem ser as mesmas, diz Desnues. Isso reforça a hipótese de que a comunidade viral desempenha um papel fundamental no interior do tracto gastrointestinal humano, mesmo quando a dieta humana e outras condições da vida dos seres humanos foram mudando.

Ao longo dos últimos cinco anos, tem-se verificado por diversos estudos que as bactérias que habitam o intestino desempenham um papel importante na manutenção da saúde humana, por exemplo, como parte do sistema metabólico humano, diz Christelle Desnues. A sua investigação sugere que o bacteriófago ao infectar as bactérias do intestino pode ajudar a manter essas bactérias.

Entre os genes que se encontram no fago encontram-se genes de resistência aos antibióticos, embora a amostra pertença a um período muito anterior à descoberta do medicamento.

" A investigação demonstra que os bacteriófagos representam um reservatório antigo de genes de resistência que, pelo menos, pode chegar até à Idade Média", diz Desnues. "Nós estávamos interessados em estudar um vírus, porque estes são cem vezes mais abundantes do que células humanas nos nossos corpos, mas a sua diversidade ainda está pouco explorada", diz Christelle Desnues. "

Os investigadores estão actualmente a realizar mais estudos sobre os fungos e parasitas nos coprólitos, sublinhando que esta investigação será de interesse não só para os microbiologistas, mas também para os historiadores, antropólogos e evolucionistas.

Fonte: ASM Society
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