Património cultural da Crimeia continua na mira de arqueólogos

A Crimeia se designa, por vezes, de “microcosmos euro-asiático”. Ocupando uma parte euro-asiática russa, esta península representa uma rica e multifacetada história de dezenas de etnias desde os tempos antigos e remotos.


Foto: RIA Novosti/Mikhail Mokrushin
Quersoneso – uma terra santa da Crimeia A Crimeia nunca foi um local deserto por ter atraído todos que, desde os tempos imemoriais, tentavam dominar as vias que ligavam a Europa ao continente asiático. A península tem estado na mira de arqueólogos que prosseguem fazendo escavações há já 200 anos, desde a década de 20 do século XIX. Se pode afirmar, sem exagero, que os “estratos” arqueológicos e culturais ajudam a estudar a história antiga da Humanidade.

Uma das etnias antigas deu origem ao nome da península que se chamava Táuria ou Taurida devido à tribo de tauros que ali habitavam no início do primeiro milênio antes de Cristo, disse à Voz da Rússia o chefe da Seção de Arqueologia do Museu de História Nacional, Kirill Firsov: “Os vestígios culturais se encontram em toda a parte. Quando estudamos monumentos de citas, constatamos que os estratos inferiores se relacionam com a cultura de tauros. Ali foram descobertos sinais de atividades econômicas diversas: peças de cerâmica, os restos mortais (ossos) de animais e espinhas de peixe…”

A Táuria antiga era um entreposto que ligava os povos da época diversos. Viajantes da Europa se deslocavam pelo Danúbio em direção ao mar Negro, à zona do Cáucaso e às regiões do leste. Do outro lado, da Ásia Central, através do Cáucaso, da Ásia Ocidental e do golfo de Bósforo se podia seguir rumo ao litoral do mar Negro.

Foi assim que na Crimeia entraram os citas nómadas de expressão iraniana e se fixaram ai por dez séculos seguidos, adianta Kirill Firsov: “A Crimeia passou a ser um pólo de múltiplas culturas e etnias. Umas das mais notáveis era a cultura de sármatas, cujo Reino surgira nos últimos séculos antes de Cristo e existiu até os primeiros séculos na nossa era, tendo deixado uma série inteira de monumentos espectaculares e, antes de mais, a urbe com o nome Nápoles de Citas, no território de Simferopol”.

A cultura de citas foi estudada graças aos achados arqueológicos no território da Crimeia. Esses artefatos mostram como iam evoluindo as tradições e os costumes daquele povo guerreiro. Nos túmulos mais antigos se encontravam apenas armas e os túmulos da época posterior já eram diferentes, prossegue Kirill Firsov: “Foram descobertas peças de cerâmica de esmalte vermelho, enfeites de bronze, brincos e pulseiras de ouro. Nos anos 90, os túmulos se tornaram alvo de numerosos saques”.

O Estado de sármatas na Crimeia se estendia muito além da Crimeia, abrangendo a atual região de Quersoneso da Ucrânia. Mas não era um país mono-étnico. As tradições locais de tauros, adotadas por citas, se misturavam com múltiplos elementos da cultura grega, já que os gregos tinham fundado seus colonatos no espaço da Crimeia.

Os sinais da dependência e da interação cultural eram tão evidentes que não devem ser expostos, talvez, às pessoas de ânimos puritanos, “Posso citar exemplo de um objeto interessante, adianta explicando Kirill Fisrov, o qual foi encontrado nos arredores de Sevastopol, durante as pesquisas do túmulo Belbek 4: “Foi descoberto um recipiente com imagens de cenas eróticas. Claro que no período soviético tal amostra não podia ser exibida. Por isso, acabamos por inclui-lo na nossa exposição que fica na sala 6 do Museu de História Nacional em Moscou”.

Elementos do riquíssimo patrimônio cultural da Crimeia podem ser vistos em diversos museus da Rússia, por exemplo, no Hermitage, de São Petersburgo. Tais peças antigas constituem mais uma prova da diversidade civilizacional da península da Crimeia.

Leia na fonte: Voz da Rússia
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