Quersoneso: património cultural da Crimeia

Na Crimeia, entre os lugares de interesse se destacam várias cidades antigas. Mediante um mapa arqueológico, se pode estudar o legado greco-romano que, por seu turno, deu origem à civilização europeia.


Foto: Voz da Rússia
Entre as urbes mais conhecidas figuram a capital do Estado do Bósforo, Panticapeu, atual Kerch, e a fortaleza romana de Charax, perto de Yalta. Porém, a mais notável é a cidade de Querosneso Táurico, atual Sevastopol.

No período compreendido entre os séculos VI e I depois de Cristo, a Crimeia ia alargando a sua área graças a centenas de colonatos gregos. Uma prova disso são hoje as ruínas de vilas antigas situadas tanto na superfície, como debaixo de terra. As vilas subaquáticas, como a antiga Acra, imergira nas águas do mar Negro no século IV antes de Cristo e foi descoberta por arqueólogos no início da década de 80 do século passado. Quersoneso teve mais sorte, conta uma colaboradora do Parque Arqueológico local, Olga Grabar:

“Quersoneso, fundada no auge da colonização grega, no limiar dos séculos IV e III antes de Cristo, se destacava pela sua opulência e beleza. Foi, aliás, o único centro urbano que sobreviveu à invasão dos bárbaros e veio se integrar no Império Bizantino. Deste modo, a história de Quersoneso antiga se enquadra em mais um percurso histórico de mil anos. E nisso consiste a sua particularidade”.

Quersoneso estava cercada por “tribos de citas bárbaros”, segundo a classificação dada por gregos eruditos. Mas as permanentes guerras eram tão duras que, em certa altura, a cidade começou a procurar a proteção do Império Romano. Eis porque os antigos monumentos gregos possuem “traços romanos”. Durante muito tempo, ali esteve aquartelada uma guarnição militar romana. Dos tempos do domínio de Roma, restam calçadas de pedra no centro da cidade, os alicerces de algumas moradias e cisternas para salgar peixe. O período da história da cidade a partir da segunda metade do século I depois de Cristo é considerado o “período romano”. Por essa altura, a urbe gozava de uma boa reputação, adiantou Olga Grabar:

“A história e a cultura de Quersoneso têm evidenciado um enorme potencial artístico, lançado pela cultura grega. Os habitantes locais transformaram uma área rochosa e quase desértica num espetacular oásis próspero. Eles deram uma eficiente solução ao problema da segurança, tendo edificado um excelente sistema de defesa militar”.

Algumas obras de arte exemplares se conservaram até hoje. Por exemplo, um retrato de um jovem, feito mediante a técnica de encaústica, que se caracteriza pelo uso da cera como aglutinante dos pigmentos. Entre as raridades figuram ainda “epígrafes", gravadas em matérias sólidas tais como o mármore ou outras rochas, sobre assuntos públicos diversos ou contendo portarias estatais. Quersoneso, que conta com uma história de dois mil anos, é, sem embargo, uma urbe “multipolar”, prossegue a nossa interlocutora:

“Na época medieval, era uma cidade do Império Bizantino que, em parte, conservou uma estrutura grega, dividida em quarteirões retangulares. Mas os prédios antigos foram quase todos destruídos, cedendo lugar às casas modernas. Assim, no local de um teatro antigo, surgiram outrora basílicas cristãs. Os fragmentos do teatro foram descobertos por arqueólogos. Por isso, a cidade atual se conservou como uma urbe medieval”. Quersoneso Táurico está sendo sujeita a escavações arqueológicas há quase dois séculos. Apenas um terço da cidade antiga, que ocupava uma área de 40.000 hectares, foi estudado até agora. Esta terra encerra ainda muitos mistérios por desvendar…

Fonte: Voz da Rússia (Texto Olga Bugrova)
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