Assédio sexual e agressão são frequentes em disciplinas que envolvam trabalho de campo

Uma pesquisa realizada a 142 homens e 516 mulheres com experiência em estudos de campo em áreas da antropologia, arqueologia, geologia e outras disciplinas científicas, revela que muitos deles, especialmente os mais jovens, sofreram ou foram testemunhas de assédio ou agressão sexual durante o período em que se realizava o trabalho no campo.

Kate Clancy. Foto: L. Brian Stauffer
A maioria dos inquiridos (64 por cento) disseram ter sofrido assédio sexual (inadequados comentários sexuais, os comentários sobre a beleza física ou piadas sobre as diferenças sexuais, por exemplo).  Mais de 20 por cento relataram ter sido vítimas de violência sexual (contacto físico indesejado de carácter sexual, incluindo tocar, ameaças físicas, ou estupro).

O levantamento, publicado na revista PLoS One, surge depois de uma análise preliminar que forneceu pistas e evidências de que muitas das pessoas envolvidas em trabalhos de campo de ciências como a biologia, antropologia ou arqueologia - a maioria delas mulheres mais jovens, mas também homens - foram assediadas sexualmente e/ou agredidos durante a realização do trabalho.


"As nossas principais constatações são que as mulheres estagiárias foram de forma desproporcionalmente mais elevada alvo de abuso e sentiam que tinham poucos meios para relatar ou resolver esses problemas", disse a professora da Universidade de Illinois Kate Clancy , que liderou a pesquisa cujos resultados estão agora disponíveis na revista de acesso livre PLoS One.

Este estudo tem ainda como co-autores  Robin Nelson de Skidmore College, Julienne Rutherford, da Universidade de Illinois, em Chicago e Katie Hinde, da Universidade de Harvard.

Os investigadores recrutaram os entrevistados através de meios de comunicação sociais e em sites que servem as disciplinas científicas que envolvem trabalho de campo. Os entrevistados preencheram um inquérito online onde lhes era pedindo dados como a sua situação escolar e profissional, sexo, idade e experiências durante os estudos de campo.


"Mais de 90 por cento das mulheres e 70 por cento dos homens eram estagiários ou funcionários no momento em que foram alvo do assédio ou da  agressão de cariz sexual", escreveram os responsáveis pelo estudo. "Cinco dos estagiários que relataram assédio estavam na escola no momento do incidente."

As vitimas do sexo feminino relataram que na maioria das vezes elas eram os alvos dos investigadores que estavam num patamar de hierarquia superior - tanto de cientistas  mais conceituados que trabalhavam nos mesmos locais, como dos líderes da pesquisa. Os homens foram mais frequentemente assediados ou abusados por seus pares.

Referência: Survey of Academic Field Experiences (SAFE): Trainees Report Harassment and AssaultClancy KBH, Nelson RG, Rutherford JN, Hinde K (2014) Survey of Academic Field Experiences (SAFE): Trainees Report Harassment and Assault. PLoS ONE9(7): e102172. doi: 10.1371/journal.pone.0102172
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